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[BMO] Light of the seven


Heron Devereaux
Necromantes de Érebo

Publicado por Heron Devereaux Qui Set 30 2021, 11:03

Death Stranding
Now you're dancing through the smoke like nothing else matters

N
ão lembrava como havia parado ali. Também não se incomodava em perguntar. O que sabia era que estava caindo. Em queda livre, em direção a um abismo sem fim. Não gritou nem esperneou. Àquela altura, já não adiantaria de nada. Decidiu, então, aceitar seu destino. E mergulhou na escuridão.

×××

Foram as ondas do mar quebrando contra o metal da espaçonave que puxaram o homem para fora do pesadelo. Tentou abrir os olhos devagar, mas eles imediatamente rejeitaram a luminosidade que vinha do painel à frente da nave e fecharam-se outra vez. Sentiu o estômago se revirar, na iminência de cuspir para fora qualquer coisa que ele ainda tivesse lá dentro. O homem respirou fundo, até conseguir resistir ao reflexo. Não queria vomitar.

O Veículo de Retorno da Tripulação (VRT) tinha o formato de um pequeno avião, com asinhas laterais e um nariz pontudo que facilitava a reentrada na atmosfera do planeta. Heron Devereaux era seu único tripulante.

Quando tentou desafivelar o cinto que o segurava no assento, percebeu que ainda usava um traje espacial laranja. De repente, todas as memórias do que havia acontecido na Estação Espacial Internacional inundaram sua mente.

Soltou-se do acento com um grunhido. Os olhos, já acostumados com a luz do sol, encontraram a escotilha no topo da nave. Ele destrancou a passagem e subiu alguns passos na pequena escada, para colocar a cabeça para fora da escotilha.

Estava em alto-mar. O veículo sendo carregado pelas ondas de uma imensidão azul sem fim. Heron resmungou, sem saber o que fazer. À deriva, em alguma parte do Oceano Atlântico. Não fazia ideia de como voltaria para casa.

O sol ardia no céu, quando Heron se livrou do capacete de proteção. Sentiu o vento soprar de sudeste para noroeste. Por isso, voltou sua atenção para o caminho que o vento desenhava para ele. Conseguiu avistar algo além do infinito azul, na linha do horizonte. Uma ilha. Sua única chance de sobrevivência.

×××

Longas horas se passaram, até que o VRT boiasse até a margem da ilha, carregado pelo vento e pelas ondas. O sol, já parcialmente escondido, mergulhava a ilha numa penumbra na qual Heron ainda era capaz de enxergar.

Ele apanhou Athala do chão e saltou para fora do veículo. Com água até a altura dos joelhos, atravessou o resto do caminho até a praia.

Uma areia acinzentada cobria boa parte da terra firme. O lugar era quase pequeno demais para ser chamado de ilha. Na linha após a areia da praia, Heron viu grama e musgo que cobriam um terreno formado por pedras deformadas e pouca terra.

O lugar era quente. A parte de cima do traje, ele afastou do corpo. Amarrou as mangas da roupa na cintura. Assim, ficaram expostos o tórax, o abdômen e os braços do semideus.

Conseguiu dar apenas alguns passos, antes de interromper sua caminhada outra vez. É que, de repente, viu surgir a coisa mais estranha que já tinha visto até então. Um líquido preto que rapidamente escapou da areia. Lembrava piche ou petróleo, mas Heron sabia que não era nenhum dos dois. Porque a substância em questão flutuava, mais leve do que o ar, e subia cada vez mais, em direção ao céu. Quanto mais subia, mais substância escapava da terra.

Heron franziu o cenho, confuso. Tentou cheirar o material, mas não reconheceu do que se tratava. Não estava pensando direito, quando estendeu a mão para tocar aquela coisa. Foi um movimento quase involuntário. Um instinto. Sexto sentido.

Quando tocou a substância, sentiu a dor se espalhar por todo o seu corpo. A vista escureceu e uma voz que ele não conhecia reverberou em sua mente.

— Eles me disseram que você viria. E, de fato, eu estive esperando. — Imagens começaram a inundar sua mente, revelando um caminho que seguia para o centro da ilha e terminava na abertura de uma caverna. — Se você quiser conversar, saiba que estou disposto a ouvir.

Segurou um grunhido, quando finalmente retornou à realidade. A ilha inteira havia sido tomada pelo material preto que escapava do chão e das rachaduras nas pedras, subindo infinitamente.

Respirou fundo, enquanto pensava no que deveria fazer. Os pés afundaram na areia cinzenta, enquanto ele atravessava a praia. Passos marcados no chão. Cuidadoso, ele seguiu o trajeto, evitando tocar outra vez no petróleo estranho. Andou pelas formações de pedra cobertas de musgo, por um caminho que as visões haviam lhe mostrado. Não sabia bem o que ou porque estava obedecendo. Ainda assim, alcançou uma fenda que se abria na rocha. Era estreita, como uma cicatriz na terra. Heron virou de lado e se esgueirou para dentro dela.

Nada daquilo parecia certo. Tinha na cabeça as palavras que ouviu de Sunday. Sobre o futuro ser uma grande encruzilhada. E sobre o deus ter escolhido o caminho com o melhor resultado para ele. Talvez tivesse caído naquele pedaço de mar por um motivo já premeditado. Talvez tivesse naufragado naquela ilha por que alguma força maior já havia decidido isso por ele.

Quando pensava na hipótese, sentia-se incomodado. Não queria ser peça de xadrez dos deuses. Mas não tinha outra opção. Sentia sede, fome, cansaço e uma vontade indescritível de voltar para casa. Faria o que fosse preciso.

Longe do que restava da luz do sol, Heron foi mergulhando na escuridão. Não era um problema para ele. Mesmo no breu, seus olhos se adaptavam para enxergar. A fenda foi se abrindo aos poucos, garantindo espaço para que o homem seguisse o caminho. Quando pensou que teria que atravessar toda a caverna na completa escuridão, ele percebeu que, no caminho à frente, um brilho alaranjado tingia as paredes.

Sentiu o calor infernal, antes de finalmente alcançar a fonte de luz. A caverna se abriu numa grande cratera. Metros e metros de queda, até uma enorme piscina de lava que borbulhava, baforando enxofre e calor contra o rosto do semideus.

Heron deu um passo para trás, rejeitando o caminho.

— Puta que pariu. — Resmungou, cobrindo o rosto com o braço.

— O que foi? Tá tão perto. Vai mesmo desistir agora? — A voz era alta, estrondosa. Como um rugido. Heron sabia que vinha do caminho a frente.

— Ah, merda. — Ele deu alguns passos para frente, em direção à borda do penhasco. — Como que eu vou… — Heron interrompeu a si mesmo, quando descobriu que um caminho estreito se abria na lateral da rocha. Não tinha certeza de que conseguiria atravessá-lo. Qualquer passo em falso e ele acabaria mergulhando em lava pura.

Se odiou por um longo momento, antes de se agarrar à rocha e colocar os pés, um após o outro, no estreito caminho pela rocha.

Atravessou os primeiros metros sem tirar os olhos da parede de pedra à sua frente. Mas, então, sentiu o chão lhe faltar. Um pedaço de pedra cedeu e caiu em direção à lava. Heron finalmente olhou para baixo. Viu o quão alta estava e o quão perigoso era o trajeto que fazia.

O suor escorreu pelo pescoço, em direção ao peitoral. De tudo, o pior era o calor infernal. Precisava de água e só conseguia pensar naquilo. Athala, a espada de bronze celestial, ia presa no traje de astronauta que ele ainda vestia da cintura para baixo.

O homem reuniu tudo o que lhe restava de coragem para mirar seu olhar no caminho à frente. Viu que o pedaço estreito se abria em uma parte mais larga, onde o filho de Atena e mais 30 pessoas caberiam com facilidade.

— Quase lá… — A voz desconhecida rugiu outra vez.

Foi o encorajamento que Heron precisava para atravessar o resto do caminho que lhe faltava.

Quando já estava em segurança outra vez, ele pôs as mãos nos joelhos, respirando fundo. Sentia a boca seca e uma falta de ar que ele só podia imaginar que era culpa dos gases liberados pela lava.

— Tá! Foda-se, eu fiz exatamente o que você me pediu. E agora?

Houve silêncio por um longo momento. Até que Heron ouviu um ruído na margem da rocha. Aproximou-se dela e olhou para baixo. Viu a lava, ainda queimando lá embaixo… E uma horda de esqueletos que escalava aos poucos a rocha, em sua direção.

— Agora… — A voz finalmente respondeu. — Você luta pela sua vida, até eu decidir que basta.

Heron se afastou da borda, hiperventilando. Sua mão foi direto para o cabo da espada, Athala. Ele agarrou a arma e tomou um segundo para pensar no adversário que se aproximava. Transformou, então, a lâmina em uma espada bastarda. Usaria a arma pesada para desmontar os esqueletos como peças de LEGO.

Quando os primeiros monstros alcançaram a plataforma de pedra, Heron percebeu que os ossos foram banhados no mesmo material negro que havia se espalhado por toda a ilha. Piche negro que tingia costelas, fêmures, ulnas e todos os outros ossos expostos das criaturas.

Sem perder tempo, avançaram. Cinco esqueletos se aproximaram. Mas Heron já estava pronto. Quando chegaram perto o bastante, o homem girou a espada no ar, golpeando três criaturas na altura da coluna lombar e transformando todos num grande amontoado de ossos.

Os outros dois que restaram continuaram a avançar. Heron usou uma das mãos para segurar um deles à distância. Com a outra, ele moveu a espada, descendo-a contra o oponente. Um golpe forte que desfez a criatura.

Heron desenhou outro golpe rapidamente, decapitando o esqueleto que restou, antes de chutá-lo. O monstro se desmanchou, primeiro em um empilhado de ossos, depois num punhado de poeira.

— Ok. Acho que o subestimei. Prometo não cometer mais esse erro. — A voz reverberou no lugar.

Imediatamente, novos esqueletos surgiram na plataforma de rocha. Eram dez. Mas Heron percebeu que novas mãos ossudas já alcançavam a beirada de pedra, para se juntar aos dez esqueletos que chegaram primeiro. Os monstros avançaram.

Com um chute, ele arremessou a primeira das criatura ao chão. As outras continuaram a se aproximar. Heron colocou as duas mãos na espada bastarda e cortou o ar, antes de deixar que o peso da arma caísse sobre as criaturas. Ouviu um baque surdo, quando o metal bateu contra as costelas de um dos monstros, desmontando todo o seu corpo.

Devereaux deu um passo para trás. As criaturas não paravam de se aproximar. Os gases que a lava liberava dificultavam a respiração. Sem oxigênio de qualidade, a visão ia ficando turva. Outro golpe da espada desceu sobre um dos esqueletos. Não aguentava mais lutar. Seus olhos encontraram a margem da rocha outra vez e ele viu um novo grupo de esqueletos se juntar aos que já o atacavam de perto.

Estava encurralado. Quando sentiu os primeiros dedos ossudos se fecharem em volta de um de seus braços, já era tarde demais. Os dentes da criatura se fecharam em volta da carne, mastigando-a.

Heron cerrou os dentes e deixou escapar um grunhido. Depois disso, as criatura saltaram para cima dele de uma vez. Formaram uma pilha sobre o semideus, para evitar que ele escapasse. Sentiu os ossos e os dentes contra seu corpo. Viu sangue, vermelho-vivo, piche negro nos ossos das criaturas e o brilho alaranjado da lava que ainda brilhava lá embaixo.

Queria desistir. Se o destino já havia sido delicadamente desenhado pelos deuses, de que adiantava lutar?

Não soube se disse aquelas palavras em voz alta ou se o acesso aos seus pensamentos havia se tornado livre. De qualquer forma, ouviu a voz reverberar na caverna para respondê-lo.

— Isso é a coisa mais estúpida que já ouvi. Não existe destino nenhum traçado. Nada escrito pelos deuses. Tudo o que acontece a partir do presente é fruto das suas próprias escolhas, Heron Deveraux. Eu sei sobre essas coisas. Eu sou um deus, afinal.

Ainda estava pensando nas palavras do deus, quando uma nova mandíbula se fechou contra sua carne. Heron Devereaux rosnou. Usou tudo o que lhe restava de energia e se colocou de pé outra vez, empurrando as criaturas para longe de seu corpo já debilitado.

Um energético não teria metade do efeito que as palavras da divindade haviam tido sobre o semideus. Ele balançou o metal da espada no ar outra vez. Suas forças renovadas. A espada bastarda saiu acertando os esqueletos um por um. Golpes precisos contra costelas, vértebras e fêmures.

Aos poucos, as criaturas foram se transformando em pó, derrotadas pelo filho de Atena. No fim, ficaram apenas Heron Devereaux, Athala e o deus em questão.

O homem caiu de joelhos sobre a rocha. Suor por todo o seu corpo, se misturando ao vermelho do sangue. Estava exausto, quando levantou o olhar outra vez.

Sobre a piscina de lava, flutuava uma espécie de espectro negro. Um fantasma que se aproximou do semideus, até tocar o chão de pedra da plataforma. Transformou-se num homem bem mais velho que Heron. Cabelos negros e brancos se misturavam, repartidos no meio. Lábios finos emoldurados por uma barba branca e olhos cansados, envolvidos por rugas que entregavam sua idade.

— Q… — Pensou um pouco mais, para decidir o que realmente queria saber. — Quem é você? O que quer de mim, afinal?

— Não quero nada de você. Não tem nada a me oferecer, de qualquer forma. Só quero ajudar você a alcançar seu verdadeiro potencial. — O homem se apoiou em um dos joelhos, quando se aproximou do semideus. Segurou seu rosto pelo queixo. — Tanto ódio aí dentro. Não gostaria de transformar tudo isso em poder? Eu te disse que eles me avisaram que você viria, certo? Os novos deuses me colocaram a par de seus planos. É patético que você acredite que vá alcançar seus objetivos… Assim. — Ele apontou para o semideus. Um olhar de desprezo no rosto. — Quero que saiba que isso não é um ultimato. Fui sincero quando disse que você é responsável por tudo o que acontece a partir daqui. — Ele se levantou outra vez, imponente. — Sou Érebo. E, caso você esteja pronto, eu gostaria que, a partir de agora, você fosse meu.

Outra vez, diante de um contrato com deuses. Outra vez, prestes a quebrar suas próprias regras. Ainda odiava os deuses e tudo o que eles representavam. Isso era certo. Mas, desde que começou a traçar aquele caminho, havia descoberto que as coisas não eram assim tão preto no branco quanto ele acreditava ser. Precisava de ajuda. Sabia, agora, que só podia ir sozinho até certo ponto. Uma hora ou outra, teria que aceitar ajuda. E, finalmente, a ajuda estava bem ali. Diante de seus olhos.

Érebo franziu o cenho, esperando uma resposta. Heron sentiu o ar lhe faltar. Não aguentava mais nem um segundo respirando o enxofre que a lava cuspia para ele. Ansioso, ele olhou para cima. Encontrou os olhos do deus e sussurrou.

— E-eu aceito.

As palavras fecharam um ato contratual mágico. Heron caiu sobre o chão imediatamente. Não saberia explicar ao certo. Mas a dor que sentia era lancinante. Fazia a vista escurecer e a sanidade se esvair. Sentia todas veias e artérias do corpo queimarem. Fogo grego se alastrando pelos vasos de seu corpo. O homem deixou escapar um grito desesperado, enquanto se contorcia no chão de pedra. Aos poucos, os sentidos foram cedendo. A pele toda formigava. Estava dormente, caído no chão, respirando apenas o bastante para sobreviver.

Viu o sangue escorrer para fora de seu corpo, pelas marcas de dente que se espalhavam pelo seu corpo. Vermelho-vivo que fluía como nascente de riacho. E então, o vermelho deu lugar ao preto. Piche que, agora, escapava de suas feridas. Estava maculado.

— De pé, Heron Devereaux. — Ouviu o deus comentar. — É hora de voltar para casa.

Considerações:
                          
                           
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Publicado por Ex-Staff 010 Qui Set 30 2021, 15:53

Heron Devereaux
Gosto de como o Heron é intenso. Sua narração é muito agradável e traz alta compreensão, de forma com que fique difícil não sentir na pele o que ele está sentindo.
Ademais, não encontrei nenhum erro à primeira leitura; mal posso esperar para ver como sua trama vai se desenrolar.

Parabéns.


pontuação— Coerência: 40 de 40%
— Coesão: 30 de 30%
— Ortografia: 15 de 15%
— Organização: 15 de 15%

Total: 100% * 7 = 700xp + 350 dracmas

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Heron Devereaux
Necromantes de Érebo

Publicado por Heron Devereaux Sex Out 15 2021, 17:05

Absence and Desire
In every ending, there is a beginning

Oxford, Inglaterra
22 de setembro, Equinócio de Outono

H
ouve um tempo em que o mundo era cheio de maravilhas. Mas ele pertence aos mortais, agora. E nós desaparecemos aos poucos — deuses, semideuses, criaturas — escondidos à margem da sociedade, temendo o dia em que seremos descobertos. Doentes e estáticos, uns em relação aos outros. Talvez esse seja o nosso fim. Definhando à sombra dos humanos. Talvez… Mas em cada final há sempre um novo começo.

×××

No equinócio de outono, as nuvens se acumularam no céu de Oxford, deixando passar apenas algumas faixas de luz que iluminavam a cidade.

Os dormitórios da Universidade de Oxford se espalhavam por um prédio em U que envolvia um grande pátio gramado no coração da cidade. Paredes azuis sobre um piso de madeira que se dividia em cozinha, sala de estar, quarto e banheiro. Talvez o lugar parecesse um pouco claustrofóbico. Mas isso era uma consequência do rapaz que vivia ali. Em volta das poltronas, na mesa de centro, sobre a moldura da ladeira e até sobre os balcões de madeira da cozinha, era possível encontrar pilhas de livros que o rapaz vinha acumulando ao longo do curso.

Morava no apartamento de número 13 um rapaz chamado Heron Devereaux. O mesmo que manobrava entre os móveis da sala, atrasado, esbarrando em pilhas de livros sobre o chão.

Alcançou a torradeira assim que o seu café da manhã saltou para fora dela. Vestia uma camisa xadrez por baixo de um suéter grosso e acinzentado. As mechas de cabelo dourado saltavam para fora do gorro de lã azul. A calça jeans parecia um pouco surrada, mas era o que a bolsa estudantil podia pagar.

Empurrou os dois pedaços de torrada para dentro com um longo gole do suco sobre a bancada, antes de apanhar uma bolsa-carteiro de couro marrom e deixar o pequeno apartamento.

Oxford era uma extensão da universidade. O dia na cidade começava tão cedo quanto as primeiras aulas do campus. Os prédios do centro da cidade se acumulavam, justapostos e transformavam os caminhos em pequenas vielas apinhadas de gente que Heron precisava atravessar.

Há quase mil anos, antes mesmo que Henrique II proibisse os ingleses de frequentarem a Universidade de Paris, os acadêmicos já se reuniam na cidade de Oxford para compartilhar conhecimento. Um milênio poderia ter transformado as construções em obsoletas, não fosse a grandiosidade dos prédios que constituíam a Universidade de Oxford.

A Faculty of History ficava na George Street. Pedras amareladas que se empilhavam num prédio elegante. Arcos se abriam na entrada do edifício. No topo da fachada, um relógio dourado que indicava o quão atrasado estava o acadêmico Devereaux.

O Professor MacLaggen comentava sobre a Antiguidade Clássica num sotaque carregado das Terras Altas da Escócia, quando Heron escorregou para dentro da sala. Os assentos eram dispostos no modelo de um anfiteatro, de forma que era impossível se esconder do olhar reprovador do professor lá embaixo. Ainda assim, o filho de Atena fez o seu melhor para não ser notado, num dos assentos do topo.

Douglas MacLaggen era um escocês ranzinza a quem a reitoria havia dado a responsabilidade pelo departamento de História da universidade. Os cabelos brancos despenteados já estavam ralos, mas ainda levaria um tempo até que ficasse definitivamente careca. Nariz absurdamente grande, barba bem aparada e olhos azuis cansados. Quase parecia um senhor amigável, se você olhasse de longe.

Heron assistiu ao restante da aula do velho sem problemas. Quase havia escapado para fora da sala, acompanhado do restante dos colegas, antes de sentir os dedos do Professor MacLaggen se fecharem em volta do lóbulo de sua orelha.

— Ai! Professor… Por favor… — Resmungou o rapaz, enquanto o velho o carregava escadaria abaixo, até o centro da sala.

— Um segundo, Senhor Devereaux. Precisamos conversar. — Douglas encostou o corpo na mesa e cruzou os braços. Estava para lá de cheio das desculpas do rapaz. Ainda assim… — Sabe o desgosto que é ver meu aluno favorito chegar atrasado às minhas aulas?

— Eu sou o tal do aluno favorito?

— Eu não disse isso.

— Perdão, Professor MacLaggen, mas isso é uma grande mentira. E se for verdade, devia ter me oferecido a vaga de assistente. Aí eu poderia pagar minhas dívidas na biblioteca. Ou quem sabe um despertador?

— Ah. não. Não! Isso é trabalho para outro. Acredite em mim, quando eu digo que não quero você carregando livros para mim e corrigindo testes com os quais eu não me importo. Enfim… Vamos ao que interessa. — MacLaggen inclinou o corpo para frente. Sobrancelhas brancas levantadas, como se a conversa tivesse se tornado repentinamente interessante. — O que tem pesquisado em relação à sua tese?

— Já devo ter comentado que estou lendo muito sobre Alquimia.

— Sim, sim… O que há de novo?

— Então… Estive traçando uma linha do tempo da História da Alquimia, tentando conectar os acontecimentos que se derivam das teorias de Aristóteles na Grécia Antiga. Éter como elemento primordial dando origem a todo o resto.

— Éter… Interessante...

— Na verdade, já que estamos nessa, preciso de uma ajuda. — A sobrancelha arqueada no rosto do velho não era bom sinal. Mas era tarde demais para recuar. — Estive procurando alguns livros na Biblioteca Bodleiana. Mas muita coisa interessante está escondido no subsolo… Livros que eles não vão me dar acesso. A não ser, é claro, que a ordem venha de alguém do corpo docente.

— Devereaux… — Ele balançou uma mão, para afastar o assunto. — Está me colocando numa posição difícil. Volumes restritos estão restritos por que corremos o risco de perder essa fonte de conhecimento. Não… Não posso abrir caminho para você. Tenho certeza de que vai encontrar o que procura nos outros milhares de livros da Bodleiana.

Sabia que estava perdendo a batalha, quando Douglas MacLaggen baixou os ombros. O velho estava tão interessado na pesquisa quando Devereaux. Ele sabia disso. Só precisava de um pequeno empurrãozinho para se libertar das amarras da instituição.

Heron sentiu os dedos formigarem e uma sensação conhecida percorrer seu corpo. Energia divina que vinha das extremidades e se acumulava na altura da garganta.

Estava assustado. Naqueles tempos, fazia o seu melhor para ignorar a herança divina. E, na maior parte do tempo, se saía bem nisso. Vez ou outra, no entanto, o instinto falava mais alto. Involuntários, os poderes emergiam. Sem convite, mas, pelo menos daquela vez, bem-vindos.

— Sabe que isso não é verdade. Sabe que já decorei todos os livros disponíveis sobre o assunto. Sei que sabe. — MacLaggen se afastou, buscando abrigo do outro lado da mesa. Mas Devereaux não deixou que a oportunidade escapasse. — Professor MacLaggen, conhecimento precisa ser compartilhado. Já faz um tempo que a reitoria vem tratando os volumes restritos como relíquia. Quanto tempo mais até que esse conhecimento escondido se torne obsoleto?

— Tá! — O rosto do velho estava vermelho quando ele apanhou caneta e papel sobre a mesa. — Tá, Senhor Devereaux. Eu não sou, nem de longe, bem pago o bastante para, no auge dos 50, ouvir sermão de um acadêmico verde como você… — Douglas ficou em silêncio, enquanto rabiscava alguma coisa numa ficha sobre a escrivaninha. Uma assinatura, antes de apanhar o documento e empurrá-lo para o estudante. — É como vocês costumam dizer: que se foda a reitoria.

×××

A Biblioteca Bodleiana era um prédio grande, mas muito maior, quando se considerava os níveis do subsolo, onde uma quantidade absurda de livros era armazenada.

Heron entrou no prédio. Os passos ecoavam pela madeira velha do chão. No balcão principal, encontrou Sabrina Leroux, uma bibliotecária de origem francesa. Olhos verdes num rosto bem desenhado, emoldurado pelo cabelo castanho trançado que caía sobre o ombro direito.

— De volta tão cedo? — Sabrina sorriu do outro lado do balcão. — Trouxe aquele Fulcanelli que você pegou semana passada?

— Não vim devolver livros, Brina. — Da bolsa de couro, puxou o documento que ele empurrou para cima do balcão. — Trouxe uma permissão para ler os volumes restritos.

— Heron! — Sabrina puxou a ficha preenchida por MacLaggen para perto do rosto. Talvez não acreditasse na veracidade. — Quem te deu isso? — Tinha uma expressão preocupada no rosto. Relutante em ceder. — Heron… Sabe que não pode levar esses livros para fora, né?

Brilho labial de morango cobria os lábios de Sabrina, e Heron decidiu que aquilo lhe caía bem. Já havia perdido a conta de quantas vezes pensara em levá-la para o seu apartamento, deslizar suas mãos lentamente pelo corpo dela e sentir o gosto do brilho labial da bibliotecária. Mas Leroux estava atrás de algo mais. Algo que Devereaux não podia lhe oferecer naquele momento.

— Fica tranquila, Brina. Esses volumes não sairão da biblioteca. — Ele sussurrou, enquanto apanhava uma das fichas para solicitação dos livros.

Sabrina sorriu e empurrou uma mecha dos cabelos castanhos para trás da orelha.

— E que volumes são esses?

— Ashmole 31, 24, 805… — Comentou, enquanto escrevia os números na fichinha. — E 782. — Encerrou, entregando o pedaço de papel para a mulher.

Sabrina apanhou a ficha e empurrou a mesma para dentro de um tubo, que descia até o subsolo da Biblioteca Bodleiana. Um sorriso passou pelo seu rosto outra vez.

— Pode entrar, se quiser. Vou pedir pra alguém levar os volumes pra você.

×××

A velha bibliotecária atravessou as grandes estantes abarrotadas de livro. Lá embaixo, a temperatura era um pouco abaixo do normal, para preservar os volumes armazenados na biblioteca. Não se importava muito com isso. Já estava acostumada ao frio e ao cheiro amargo dos livros antigos. Empurrava um carrinho que usava para carregar os livros, quando entrou na terceira fileira da seção A.

“Ashmole 24, 31...” Pensava, enquanto ia recolhendo os livros solicitados. Mas o Ashmole 782 não estava lá. Dois dedos tocaram o espaço que ficava entre o Ashmole 781 e o 783. Era estranho que ela não se lembrasse de ter despachado o livro para a parte de cima da biblioteca. Antes de resolver o problema, a senhora atravessou o resto do caminho até alcançar o livro de número 805.

Fez o caminho contrário, para levar os livros que haviam sido solicitados. Quando passou pelos Ashmole 781 e 783, notou algo ainda mais estranho. Era ele. Ashmole 782 ocupava agora o seu lugar de sempre.

A velha coçou a cabeça. Talvez estivesse cansada demais, cega demais, velha demais.

Ela apanhou o volume, ainda confusa, e colocou o mesmo sobre o carrinho que ela empurrava.

Talvez fosse a hora de se aposentar. Ou de um chá.

×××

Elias Ashmole viveu entre os anos de 1617 e 1692. Antiquário, astrólogo, alquimista. O britânico, sempre intrínseco aos assuntos da família real, havia construído uma boa reputação em todos os assuntos relacionados a ele.

Finalmente, os manuscritos mais importantes da história de Ashmole repousavam sobre o tampo de madeira à frente de Heron Devereaux.

A Biblioteca Bodleiana tinha uma sala espaçosa reservada à leitura. Mesas, cadeiras e luminárias preenchiam o espaço margeado por estantes altas e abarrotadas de livros.

Ashmole 782 era quase um ímã. Magnético, convidava o semideus a descobrir o que se escondia dentro de suas páginas. Heron apanhou o livro, dedilhou os detalhes dourados sobre a capa de couro e virou a primeira página.

Uma lufada de ar quente escapou das páginas amareladas do manuscrito. De repente, os sons do ambiente se tornaram abafados, mas Heron ainda era capaz de ouvir vozes. Não partiam de nenhum dos acadêmicos na grande sala de estudos. Os sussurros eclodiam do Ashmole 782.

Heron Devereaux respirou fundo. Conseguia sentir o coração bombear com força. O sangue fervia, ainda dentro de suas veias e artérias. Sangue quase-divino.

Um desenho alquímico estampava a primeira página do livro. Uma criança que repousava dentro de um frasco. Antes que Devereaux pudesse estudar melhor a figura, as palavras começaram a saltar na página. Letras e expressões que o filho de Atena não conseguia transformar em frases, porque apareciam e desapareciam, correndo pela folha.

Quando o rapaz dedilhou o desenho alquímico no centro, notou que as palavras da página saltaram para sua pele, marcando-a como uma tatuagem que se movimentava. Tentou esfregar as letras para fora do corpo, mas já era tarde demais.

As duas mãos se espalmaram sobre o desenho alquímico. “Que merda!” Desejou que as palavras retornassem ao livro. Não soube dizer se obedeciam a sua vontade. Mesmo assim, as letras vazaram de volta à página amarelada. Já havia se livrado das pequenas tatuagens, quando a palma da mão direita ardeu. Sentiu como se, de repente, tivesse tocado uma chaleira de água fervendo.

O grito do filho de Atena ecoou pelo salão de estudos, enquanto ele afastava os membros do Ashmole 782. Na palma da mão direita, viu o desenho de um frasco alquímico, semelhante ao da figura. Uma queimadura profunda, que deixava a pele do contorno do frasco inchada, quente e vermelha, mas que preservava todo o restante da mão.

Ele fechou o livro.

As vozes desapareceram, mas deram lugar às reclamações dos acadêmicos na sala, que reagiam ao grito desesperado do rapaz.

— Heron? — Sentiu a mão de Sabrina gentilmente tocar seu ombro. — Tá tudo bem?

Ele não tinha certeza.

— Só… — Pensou por um segundo. Não conhecia nenhum semideus daquele lado do Oceano Atlântico. Não tinha com quem compartilhar o que tinha acabado de ver. Nem com os professores, nem com os acadêmicos, nem com Sabrina Leroux. Ainda assim… — Preciso de uma bebida forte… Só isso.

×××

The Bear Inn era um pub distante algumas quadras da Biblioteca Bodleiana. O lugar cheirava a serragem e desinfetante de pinho. Apertado e abarrotado de gente e de pequenas mesas. Apesar de tudo, Heron adorava aquele lugar.

Tinha duas canecas de chope na mão, quando manobrou entre os frequentadores do pub. Espuma descia pelo vidro dos copos, sujando o chão de madeira do bar. A bebida fria incomodava a queimadura na palma da mão direita. Mas o rapaz não queria pensar naquilo. Quando alcançou a mesa onde Sabrina Leroux esperava por ele, decidiu não pensar em mais nada, além da bibliotecária.

— Obrigada. — Ela sussurrou, quando apanhou uma das canecas de chope. Bebericou um pouco da bebida, antes de perguntar. — Onde é que a gente estava mesmo? Acho que você ia me contar um pouco sobre você.

— Não sei o que posso te contar. Não tem nada de interessante acontecendo aqui dentro. — Ele apontou para a própria cabeça e balançou os braços, antes de empurrar um gole de chope para dentro.

— De onde vem?

— New York.

— É mesmo? — Uma sobrancelha arqueada no rosto de Leroux. — Como veio parar aqui?

— Sei lá. — Ele agitou os ombros. — Estudei bastante, eu acho. Depois disso, alguém em New York me recomendou para uma bolsa de estudos. É engraçado, porque Oxford nunca esteve nos meus planos. Ensino Superior nunca esteve nos meus planos.

— O que nos leva à próxima pergunta: por que está aqui?

— É complicado. Se tenho que ser sincero, acho que eu precisava deixar algumas coisas do outro lado do Oceano Atlântico. Os deuses que se fodam.

— É… — Heron entendeu que o barulho do pub havia abafado suas palavras, quando ela respondeu. — Deus que se foda.

Levou a caneca até a boca outra vez. Um, dois, três goles. O bar já girava como navio em alto-mar, quando Heron se levantou.

— Vou respirar um ar puro lá fora. Não tô bem não.

Ele atravessou a maré de gente no pequeno pub. Saiu por uma porta nos fundos, que abria caminho para um pequeno beco nos fundos do estabelecimento. Puxou cigarro e isqueiro do bolso e tragou um pouco da fumaça do Dunhill.

— Heron Devereaux? — Alguém pronunciou seu nome na escuridão. Os olhos adaptados do semideus desenhavam a silhueta do homem, mas não eram capazes de reconhecê-lo sob a penumbra da noite britânica.

— Quem quer saber?

— Perdão. Não queria assustá-lo. — O homem saiu da penumbra. A luz sobre a porta do pub iluminou seu rosto. Maxilar bem desenhado sob uma boa camada de barba castanha-escura. Os cabelos, um pouco mais longos que os de Heron, eram penteados para trás. Azul egípcio tingia a íris do homem quando ele sorriu para Devereaux. — Doutor Matthew Clairmont. Acho que ainda não fomos apresentados um ao outro. Faz muito sentido. Faço parte do Departamento de Bioquímica. Você passa mais tempo no Departamento de História.

— Hum… — Heron franziu o cenho. Empurrou o cigarro para o chão e apagou o mesmo com a sola do tênis. — Prazer em conhecê-lo, Dr. Clairmont. Mas, não entendo. O que quer com um acadêmico do curso de História?

— Sr. Devereaux… — Terno azul envolvia o corpo de Clairmont quando ele se aproximou. O cheiro almiscarado do perfume se misturando ao amargo do Dunhill. — Você solicitou um manuscrito da Biblioteca Bodleiana hoje mais cedo. E alguma coisa aconteceu. Alguma coisa que te incomodou. Esse manuscrito era o Ashmole 782?

— Quê?

— Como conseguiu o manuscrito? Onde ele está agora? — Havia uma avidez em suas expressões, enquanto ele se aproximava um pouco mais.

— Dr. Clairmont... Os manuscritos da seção restrita não podem sair da biblioteca. Por que está tão interessado em Alquimia?

— Sabe que isso é muito maior do que Alquimia, não sabe, Sr. Devereaux? Tem muita gente por aí que dedicou anos da vida procurando por esse manuscrito. — Sabia que Matthew Clairmont estava incluído naquela lista, pela forma como as palavras saíam de sua boca. — No entanto, ninguém nunca foi capaz de sequer localizá-lo na seção restrita. Exceto você.

— E?

— E, Sr. Devereaux, que essas pessoas ficariam mais tranquilas se soubessem onde está o manuscrito.

— Isso é uma ameaça?

— O quê? Não! — Matthew deu um passo para trás, ofendido. — É um aviso. Você precisa tomar cuidado.

— Não se preocupe comigo.

Heron deu as costas para o homem, prestes a mergulhar na escuridão do beco, para desaparecer entre as vielas da cidade de Oxford. Antes que fosse capaz, uma das mãos do Dr. Clairmont se fechou em volta de seu braço.

— Sr. Devereaux, eu… — O discurso foi interrompido, tão rápido quanto começou. Heron sabia que havia algo de errado, antes mesmo de voltar seu olhar para o homem.

As pupilas de Matthew Clairmont estavam dilatadas. Dentes à mostra revelavam as presas afiadas no lugar dos caninos. O homem estava consciente de tudo que acontecia no beco, mas, principalmente, do sangue que corria pelas veias de Heron Devereaux.

Quente. Viscoso. Quase-azul.

Matthew Clairmont era um vampiro. Quando Heron deu as costas para o homem, despertou na criatura um instinto de caça, uma sede de sangue que o doutor não sabia se era capaz de suprimir.

— Passe por mim, com cuidado. — O semideus percebeu que até as palavras exigiam um controle absurdo das ações do vampiro. — Sem fazer movimentos bruscos.

O filho de Atena obedeceu. Os passos pequenos e cuidadosos foram, aos poucos, libertando-o das mãos do vampiro. A luz sobre a porta do pub brilhou sobre ele mais um pouco, enquanto ele caminhava, de costas para Matthew Clairmont. Silêncio no beco, quando Heron mergulhou na escuridão. Um passo de cada vez, até que ele alcançasse o fim do beco estreito.

E quando o fez, suas pernas cederam. O rapaz atravessou as vielas de Oxford a passos rápidos e largos. Correu como nunca havia corrido em toda a sua vida. A queimadura na palma direita ardia. Os pensamentos na mente do rapaz também.

Ainda conseguia sentir o olhar de Matthew Clairmont sobre ele, consumindo-o de dentro para fora. Talvez aquele fosse o seu fim. Talvez...

Mas em cada final há sempre um novo começo.

Considerações:
                          
                           
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Publicado por Ex-Staff 010 Sex Out 15 2021, 17:26

Heron Devereaux
Olá, senhor Devereaux. Como sempre, uma narrativa densa, detalhada, que não deixa lacunas – é fácil imaginar o que está acontecendo. Há, nessa história, uma construção diferente, uma visão diferente do mundo. Mesmo assim, a personalidade complexa de Heron está lá, marcando cada uma das linhas de sua BWO

Como sempre, não consegui visualizar nenhum erro durante a narrativa.

Parabéns.

pontuação— Coerência: 40 de 40%
— Coesão: 30 de 30%
— Ortografia: 15 de 15%
— Organização: 15 de 15%

Total: 100% * 7 = 700xp + 350 dracmas

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