Parque de Diversões £ Local Público £

Apesar de estar a mais do tempo do que pretendia nos Estados Unidos da América, ainda não havia conseguido adequar meu inglês deficiente ao proveniente do país e por tal motivo, ainda era alvo de correções provindas dos nativos da terra. Afim de me ensinar mais sobre a cultura  norte-americana e por consequência aprender a melhorar o meu inglês, Evan começou a me levar a pequenos passeios por diversas cidades dos Estados Unidos. O meio-irmão, que havia conhecido a poucos meses, havia se tornado a minha melhor companhia e um excelente professor, de modo que eu já não cometia as famigeradas gafes de linguagem e já podia manter ao menos um diálogo, apesar de ainda utilizar de palavras em espanhol, não por falta de conhecimento, mas sim de orgulho.

A cidade da vez era Nova York, a famosa cidade que não para. Achava que era apenas um adjetivo infeliz, mas era de fato uma metrópole bastante movimentada tanto de dia quanto de noite e apesar de já termos chegado no finalzinho da tarde, ainda havia conseguido visitar diversos lugares e conhecido a história da enorme cidade. E Evan, bom era um excelente guia turístico, mas um péssimo pedestre. Perdido em suas explicações, escapou de ser atropelado diversas vezes e pelos mais variados veículos, o que seria irônico ele morrer pelos mortais, visto que em nossa vida lutávamos pela sobrevivência transformando monstros mitológicos e perigosos em pó.

Em determinando momento do passeio, Evan mencionou uma sorveteria muito famosa e com os melhores sorvetes do mundo e me pediu para que dessemos uma passadinha na loja. Apesar de odiar a sobremesa, não podia negar o pedido do rapaz, visto que ele havia tido a delicadeza de me mostrar e me educar em minha mais nova moradia.

— Está bien, passaremos na sorveteria, pero não podemos demorar ou as harpias irão comer nuestros fígados. – murmurei misturando as duas línguas e recebi um riso divertido em resposta de Evan.

A avenida onde a sorveteria estava localizada, era agradável e me lembrava uma pequena cidade que havia em Madrid. Evan ia me contando sobre um pouco mais da história da América e aquilo me distraia de lembrar da minha cidade natal. Atravessamos a rua tomando cuidado com os carros e paramos bem em frente a fachada da sorveteria, era uma fachada clássica e bem elegante. Evan, tentando ser cortês e cavalheiro, abriu a porta para mim e ao adentrar o recinto me vi maravilhada com a decoração do local.

— Que bonito! — exclamei e Evan acenou com a cabeça concordando. — Espero que eles tenham helado de tequila. — murmurei rindo e ergui a sobrancelha sugestiva para o outro, que riu e apontou para uma mesa vazia. Apesar de ser noite, a lugar estava cheio e bem movimentado, diferente das sorveterias em Madrid, esta parecia manter e cativar seus clientes. A mesa que havíamos sentado, ficava próxima a de um homem e ele parecia bem absorto degustando um sorvete enquanto olhava pela janela. Um mocinha de cabelos ruivos e sorriso amigável aproximou e nos entregou o menu. Evan havia escolhido um sorvete de chocolate e eu após receber um olhar piedoso pedi um de baunilha.

— Querida hermanita, você se importa se eu for por uns instantes numa loja ali do lado? — o garoto perguntou um tanto sem graça e eu franzi a sobrancelha o encarando.

— Creo que no, mas não demore, você sabe que não gosto de ficar sozinha. — confidenciei e ele levantou-se de forma rápida, lançando me beijos e desenhando um coração no ar.

Observando o mesmo pela janela, o vi se aproximar de uma moça e dá um beijo na mesma. Ele nunca havia me falado de uma paixão e sorri observando o entrosamento entre ambos, mas a expressão feliz sumiu de meu rosto quando vi eles caminhando para longe e logo notei que ele havia me trocado.

— Hijo de puta! — esbravejei irritada e atraí a atenção do homem da mesa ao lado. Corando de vergonha, mordi o lábio ínfero e olhei para o homem. — Pérdon. — desculpei-me e olhei para o copo de sorvete que já derretia e se transformava em um "suco".